domingo, 11 de abril de 2010

O mito do surgimento dos Deuses

O tempo
A pergunta crucial é: Como hoje os mitos influenciam nossas vidas?
Os mitos são um tipo de relato que envolve um povo. Cada povo tem suas vidas envolvidas pelos mitos. Uns exemplos são índios do marajoara no norte do Brasil. Para compreender como foram criados, há o mito da criação, que expressa como eles foram parar naquele recanto de beleza.
Dentre os mitos há uns seletos grupos de mitos que ainda hoje envolve o nosso cotidiano, quer em relação ao filosofar marcado pela filosofia clássica grega, quer seja pela nossa vivência diária. As vezes não nos damos conta de como está impregnada nossa vida de termos, palavras, entre outras coisas.
Há muito que a sociedade vive em busca de driblar o tempo. O “cronômetro” virou palavra de ordem na nossas vidas, pois temos hora para tudo, e afinal, tempo é dinheiro para um árduo capitalista.
Sim! Tudo na vida é marcada pelo tempo. O tempo rege a nossa vida. A figura do tempo rege nossa vida desde muito “tempo”. Para melhor entendermos essa questão vamos adentrar sinteticamente dentro de um mito: “Um velho mito grego conta que: Do Caos primordial surgiram a Noite (Nix) e as Trevas (Érebo). A Noite, unindo-se às Trevas, gerou o Amor (Eros), e, com o Amor nasceu a luz, a beleza e a ordem, o Dia e o Éter, que a abóbada superior e morada das divindades. Mas a Noite gerou também o Sono, os Sonhos, a Angústia, o Engano, a Ternura, a Velhice, a Discórdia, as Filhas do Entardecer, a Sorte, a Ira, o Sarcasmo, e as temíveis Moiras. As Moiras tecem o fio do destino tanto para os deuses imortais como para os mortais.
Do Caos emergiu também a Mãe Terra (Gaia), que gerou três filhos: o Céu (Urano), as Montanhas e o Mar (Ponto). O Céu uniu-se à Mãe Terra, da qual nasceram os Titãs, grandes e bondosos, mas também os Ciclopes, disformes e rebeldes. Urano os prendeu no Tártaro, o mundo subterrâneo. Mãe Terra confiou aos Titãs uma forma de libertar os filhos aprisionados no Tártaro, e foi o caçula – Cronos – quem aceitou, munido com o ferro que Terra lhe ofereceu, a tarefa de castrar o Céu quando esse se unisse à Mãe Terra. Desse embate violento, e do sangue do Céu salpicado sobre Terra, nasceram os Gigantes e as “Eríneas”, as vingadoras dos crimes. E do falo de Céu jogado ao Mar, nasceu Afrodite, que se uniu a Eros e foram morar no alto, na morada dos deuses, enquanto no mundo, no lugar do Céu, começou a reinar Cronos. Nunca mais uniu-se o Céu com a Terra desde que Cronos se tornou Senhor do Universo. Cronos casou com sua irmã titãnide Réia – aquela que corre veloz. Dessa união nasceram filhos, que Cronos devorou implacavelmente, agindo assim pior que o Céu, já que este só prendia no Tártaro os filhos disformes e rebeldes. Réia conseguiu que escapassem da voragem de Cronos o filho Zeus e seus irmãos, Hades e Poseidon, tirados do ventre de Cronos pelo próprio Zeus para lutar contra o pai comum, Cronos. Depois de muito desdobramento na luta interminável entre Cronos e Zeus, Cronos é detido numa torre com a esposa Réia, a deusa que corre veloz. Mas Cronos continua sua soberania, ainda governa sobre os mortais, enquanto Zeus toma para si o abismo celeste, ganhador do trovão e do raio, Poseidon vai reinar no abismo das águas com seu tridente, capaz de maremotos, e Hades habita o abismo da terra, soberano dos mortos. Ora, “cronos” é uma das palavras que utilizamos para falar de “tempo”. O tempo cronológico devora qualquer criação sua, por mais sólida e bela que seja. Tudo está submetido ao tempo, é uma questão de tempo para chegar ao fim. Os que pretenderam a imortalidade pagaram, de qualquer forma, um alto preço, o recuo para abismos onde invejam a felicidade, ainda que efêmera, cronologicamente veloz e finita, dos mortais.”[1]
Somos devorados pelo tempo, e assim temos que julgar rápido para que nossa liberdade não fique preso ao tempo que corre veloz. Somo tomados cotidianamente pelo cronos, e não percebemos o quanto “réia” a nossa vida.
O tempo é frequentemente metaforizado no caminho do peregrino. Somos peregrinos “do” Tempo ou “peregrinos do Absoluto” (diário de Leon Bloy) exilados ou em êxodo no tempo?
“Ahí está el justo momento
De pensar en el destino.
Si el hombre es un peregrino:
O busca amor y querencia,
O si cumple la sentencia
De morir en los caminos.
(En el Camino. Atahualpa Yupanqui)



[1] Texto enviado por email pelo Professor Luis Carlos Susin da Pontifícia universidade Católica do Rio Grande do Sul, O texto foi citado em sala de aula.

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